segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Paixões.

Apaixonar-se são três passos
Quando só alcançamos os dois
Já amar de longe e tão pertinho
Sentir saudades ainda há sóis.

São opostos e complexos de agorinha
Ou já na velhice de um dia de amanhã
É anti-matéria. São borbulhinhas etéreas
Amarelas nas câmeras frias das células.

Amar tudo na solidão que o amor é
E na solidão de amor.

(Primeira Pessoa)

Inexplicavelmente o que eu sinto
Jamais entrego as mãos dos médicos
E dado ao insondável e aos mitos.
Ao todo invisível indivisível vínculo.

Ander 04/10/2010

Seios Vermelhos.

Primeira Parte.

Um.

Respingos de lama como ondas são provocadas pelas solas do coturno que esmagam o solo. Como raios que rasgam o céu são os passos que cortam a terra e dos buracos de numero trinta e sete enchem de água espessa, de cor vermelha. De machucados largos nessa esfera que na Grécia teve o nome de Gaia. Gaia rompe o sorriso para Willyans, o jovem Willyans, de aparência de ninfa, gesticulosamente sensível, e de crueldade, essa que impregnando no crânio, além do crânio no mistério empírico, a brutalidade do deus Ares. Apressa-se pelo sitio esquecido, como um fogo fátuo de misticismo nos lugares desdenhados pelo homem. Há arvores de pele de ébano, sussurros, soldados derrotados de uma guerra de mil anos, tudo encharcadas por lagrimas que alvoroçadamente as despertam do sono. Um céu triste, o Senhor está no trono. As lagrimas que caem vem de seus olhos, uns tanto quanto mundanos. Tais olhos de homem; Deus lamenta quando no seu céu a palavra crime é escrita por rajadas de vento e estrondosos trovões. Os personagens a vêem. Pudera haverá assassinatos daqueles de cortes muito profundos. Está é uma noite de pesares pela estupidez humana, ou talvez quem saiba, apenas, e só, a índole esculpindo como Davi a seu Michelangelo, o caráter.
O jovem de pés de moça alcança seu destino, puxa duas pistolas As armas estavam em seu cinto, puxa-as com engenho. Vai até o umbral da mansão. Uma área de 1000 m² donde a vista se perca. É um calculo de meses, e tudo é simetricamente feito. Cinco batidas no coração do moço lá fora, cinco batidas no coração da mocinha aqui dentro. Ela sai, desce e esquiva, silêncio. Flutua. É inspirada pela Lua. É noite de Lua. Ele sussurra – Vanessa... Vanessa... Vanessa. O portão é aberto, faíscas saem dos jovens, os dois se beijam em meio à nebulosidade do lugar, como o amor precoce que derrama da fonte e desce virando lama até empoçar em velhos lençóis. Ela o conduz, indo até uma luz que seria a vida após a morte, ultrapassando o sofrimento, o remorso deixa ao vento e inverte-se no hall de entrada uma adornada cruz. As pistolas estão postas e na sombra homogênea armas e atirador.
A noite natural das matas entra em ápice, e lá fora o breu é total. Se ouvir uns uivos, morre-se de medo. Vê-se uma coruja em seus hábitos crepusculares e com seus olhos de morte, sacode a espinha. Lá dentro a cúmplice esta um pouco trêmula, sobe as escadas – Espere Willyans! Entra em seu quarto, lê uma estrofe de Marquês de Sade. Pondera sobre a morte: “Eu menina casta, de família de brasão só de ingratidões me serviu a pureza, o zelo e a caridade. Nessa santidade para qual me dediquei de corpo e de psique, Sade esteve certo e a morte não e nada mais quando em mim ela não cai. Laço de família, tudo isso é histeria e eu me entrego à heresia e as devoções da carne, e tudo que é bom; é bom, enfim, eu apanho, mesmo que convoco Átropos, a Moira que corta a linha”. Ela volta, o chama. Ao contrario das pegadas no chão que infiltrou à água, fez de lamaçal, atormentando-a natureza. Aqui dentro ele é um pio, que desliza como uma garça riscando levemente a água e recitando a balada: “Tudo certo minha rainha, vamos, vamos, hoje é noite de orgias, o vinho esta no sangue e as palavras que vierem, daquelas preces serão sofismas, vamos pomba minha, ser amantes nessa ilha e gozar com a herança desses tolos para toda nossa vida. Apressamos, apressamos, à noite não pode vim a ser dia, é noite de lua cheia, ela nos inspira”.
A quietude é tamanha e se a foice nos corredores assegura o carrossel para esta jornada, ela vai ter de ser paciente. Os ossos que seguram o cabo desceram o corpo largo curvado afiado num beiral. Olhou ao horizonte e permaneceu. Vultos também sãos os vivos para os seres do além, e essa criatura filosofada já em épocas perdidas, de face aberrante de caveira, olhou suas duas crianças no corredor de piso requintado de seminato de Veneza. Os personagens passivos desse episódio, que as leis do infortúnio agora os velem; dormem com a face aberta nos estágios do sono, do primeiro ao quarto, estados altos de bem estares.

O corpo se funde ao da donzela e a Morte se torna o voyeur dos dois.

Dois.

Uma vida nutrida, mesas tridimensionais onde não se sabe o que o estômago dissolve. Vanessa engole as variações dos pratos na mesa de domingo. Agrada ao Pai porque seu pai também a agrada e se não, há devidas censuras. Um ministro religioso da Igreja Protestante. Homem de espírito, severo, ereto em suas obrigações eclesiásticas. Mas pai de coração mole que mesmo em palacete abre as portas da frente para suas princesas. A seriedade aumenta, é pela mãe, criatura severa. Corpo de marfim dos mais belos sons de outrora. Com o corpo em ebulição tem o desejo de despencar do penhasco, uma mão gigante a desce até a profundidade e ela acompanha um peixe abissal. Vagando, absorvida pelos segredos que talvez o homem jamais conheça. Mas a mão gigante, agora outra, pesada, enrugada, que a aperta, a levanta de volta a mesa.

Três.

Não há mais esperanças em nenhum lugar. Todos eclipsados num congelamento do tempo. Frio como a morte. Soturno. A postura modelada, um acesso de pureza física, que Adão aberto é o nosso deixando Vanessa ir com tal serpente - a serpente sabia - banha-se a menina na fonte venenosa do mundo. O veneno é o plástico, é o oceano de plástico. Muros gigantescos de plásticos. Árvores genealógicas de plástico dormindo, manequins, brinquedos de lojas de sexo. Estão mortos, não há necessidade para o ato, a menos que o ato seja um ato de uma peça devidamente ensaiada, sistemática, coreografias, um professor dentro da mente formada pelo asco, a vontade de ser livre, mesmo não existindo par de asas algum. A liberdade que seja, é uma poesia. Vanessa busca poesia, é poesia que faz para o assassinato. “Willyans!” É o titulo do que escreve. Seu nome é a cabeça. O prefacio. É o discurso filosófico para carnificina. Seus braços e pernas são as armas para esmagar quem a pos no mundo. Willyans que ela adentra. A cabine esta no peito é o coração. Que fúria do jovem, a juventude em teus olhos de ouro unidos a lascividade que remexe o membro latejante. Oh! Serpente de Éden expulsa do Jardim. Vá menina com ela entregar-se aos desejos do Inferno. O Inferno é o futuro, é tudo isso que nós temos. É o que o mundo da com vontade; o telefone que toca. A faca que respinga tintura vermelha, e o cano que solta fumaça como o touro que esquarteja seu algoz. São os pais mortos pela filha, suas irmãs estendidas numa cena triste arrancadas com violência da vida.



Quatro.

Adipocera

Se pudéssemos por os sonhos nestes crânios, devolve-los aos donos. Como seriam esses: Crânios apaixonados. Sedentos. Ingênuos. Manifestos. Eles ficam dispersos ao Universo. Todavia como podemos pensar tal coisa do Universo. Uma ligação tola do Infinito com a obra ínfima do acaso. Não, não há. Essas mortes não representam nada. A posição onde encontra seus joelhos Vanessa, o sangue seco borrados nos dedos, observou a decomposição como observa um parto, maravilhado. É a criança que chora violentada pelo fato do nada. A criança é o miasma destes corpos. Todos os pontos se ligam, de partida, e volte ao ponto. Acuda rapaz não o enfermo, mas a própria enfermidade, dissipando como o grande devorador a ser devorado por um monstro maior a sua própria essência de ser.
- Besta dos campos! Unicórnio.
O trabalho árduo de nascer. A claridade do mundo real, o espírito outorgado pelos arbustos. Os juizes dos carnavais. Encontre com Baco onipotente, festeje. Celebre suas fantasias pagãs. Todavia, que espírito cristão, que amor de Jesus Cristo no paraíso, a vida eterna ofuscando a visão dos mortais.
- Liberte-se Vanessa da propagação, dê-me esta buceta e arrancarei o que vier depois e outras mil vezes. O que fazemos agora? Não importa, o curso é o mesmo eternamente.
-Oh Deus! Que horror tantos cadáveres juntos atingindo os ossos. Quanto tempo passou?
- Dois ou três anos. Não sei ao certo.
- E porque não dissestes?
- O quanto importa o martírio do tempo?
- Vejo meu rosto agora Willyans e não tem o aspecto do monstro, estou bonita. Como estou bonita. Fale-me amor. Diga-me como estou? Meu espírito rejuvenesce minha pele e meu tino, está tudo muito limpo.
- Deliciosamente...
- Vamos jantar querido.



Segunda Parte.

Um.

Ponderei a aquela altura o meu estado frágil, debilitado de minhas emoções. Acendi um cigarro e um espasmo, um grito interno, e conforme foi à intensidade fui subindo a sacada do apartamento e joguei-me por vinte andares, descendo por hora rente aos espelhos, assisti a minha imagem se desnudando. Devia estar no décimo quinto andar e por aquele reflexo meus seios diminuíram, eu encolhia. Tomava-me uma forma conhecida de um tempo antes, e quanto mais eu descia, mais me desconhecia, mais diminuía. Era eu criança voltando no tempo ininterruptamente até entrar no útero. Uma ogiva nuclear subiu aos céus. Consegui ver sua trajetória por segundos e explodiu. Na varanda um outro cigarro, um outro espasmo. O céu se expandia, arcos de luzes embelezavam. O útero. Senti o quente da estaca zero. Teria novamente que pular? Não em metafísica. A alma que convertia em espectro. Teria que pular em condição de aglomerado de carne? O existencialismo tomou-me, revirou-me de cima a baixo. Quis despregá-lo, soltá-lo com um martelo seco. Deixei o olhar vago, congelado, fazia das pessoas ao meu lado tornarem-se uma massa cinza. A luz do céu também se tornava cinza. A cidade por completo se tornava cinza.
A cidade de Ezequias estava em festa. Vistos pela varanda muitos fogos explodindo. Pessoas bêbadas cambaleando. Estava no apartamento de minha avó. Típica comemoração de fim de ano. Gente desconhecida e pessoas muito próximas também desconhecidas. Burburinhos. Música alta. Saltos altos. Conversas eróticas. Tudo é erótico. O mundo é erótico. Carne na brasa. Cerveja, vinho, conhaque, vodka. Todos se divertiam. Não era o calendário chinês, era o branco. Dois anos se passaram, mas eu desci da cruz e enfie a cruz na frente, de propósito. Novo recomeça. A saída do útero. Filmei certas cenas, construí uma comédia com o presente de minha avó. Ganhei há pouco, apertava-se um botão e tudo ficava bonito, via satélite. Tecnologia nova, dizia ela. Não sei como funciona, não tive aulas para isso. Deveríamos ter aulas para essas coisas começando pela combustão de um fósforo. A diversão exacerbada estampados no rosto daquela gente trazia-me um grau de melancolia. De força inigualável meu corpo exprimia, queria se livrar de mim. Éramos ambos. Distintos. Um estado de ereção das pernas e dos braços contradizendo o úmido de meus olhos. Meu vestido apertava. Puxava seus lados. Ele agarrava. Erótica eu? Por quê? Meu pai veio em minha direção, como desviar, o abismo lá estava, cadê a brecha? Não podia brincar assim com o útero, não podia me enfiar e sair dele quanto bem quisesse a ordem não era essa? Qual era a ordem das coisas. Nove, oito, sete, seis, cinco, quatro... E pausa, meu pai parou, ali imóvel olhando para mim. Um cubo de gelo gigante sendo descongelado por um maçarico. O fim da era glacial, o Cro-Magnon estava sendo descongelado. Sentia o hálito pútrido exalando, aquela primitiva forma humana movimentando as pernas e... Três, dois, um.
“Vem comigo papai, o relógio marca zero horas. Deixe os jeans colados, os decotes suportando o molde de sua boca. É um harém do qual não tem alcance. A metade delas é a mamãe, duplicatas dela, a outra metade são suas irmãs, não vê? Ignore isso aqui é uma montanha, está na hora de descer. Não quer, o senhor não vem? É uma montanha invertida, papai. Fique ai. Não o quero mais. Desço sozinha. A visão de lá me agrada. O que vocês vêem aqui não é real, é invertido. Estou indo papai. Onde está a mamãe? Ela é como você, nasceram um para o outro. Eu corto o cordão umbilical com um serrote, tem o seu nome nele. E o Carlos? O que você da para a mamãe o deixa forte, não é? O cordão umbilical dele não se corta. Ele é mais velho que eu, mas não o corta, jamais ira cortá-lo. Este útero que entro é o meu próprio. Agora sei, posso entrar dentro dele. Posso assim brincar com meu útero.” Vieram outras pessoas com seus braços, mais de um, dois, três Mamãe esmagando meus ossos. Um aperto desesperado. O fruto amadurecendo no seu galho. As pessoas olhavam e diziam; “como amadurece bem este fruto, está encorpado”. A árvore não poderia dar mais frutos. O terceiro fora estragado, as minhocas engordavam dentro dele, e foi arrancado do galho. O primeiro já estava preste a cair, fruto macho, orgulhoso, viril, onipotente, crescendo forte. Seguindo os passos de papai, estava ele ali, nu, forçando a musculatura, sendo pintado. E eu pendurada nos braços de mamãe. Dentro dela eu crescia igual a ela, papai não foi à semente, não foi nada. Quando sai, o médico não pode me erguer, tinha a idade dela, vestida como ela. A lança através dos séculos dando sentido a um eu eterno a desapontou. O anagrama foi rompido. Não vivo por você, vivo por mim. A idealização de todos que se julga por ter o poder de dar a vida, de transportá-la, como alguma crença espírita de voltar a um outro, foi falha. A besteira mumificada. Esses pontos foram vistos e repudiados tristemente, a incapacidade de observar o fim necessário das coisas. O ato, o ensaio que tem fim. O auge do que encontrei e clareou a luz direta no cérebro foi com você; Kelly. Os laços de casa enfraqueceram. Toda a composição caiu. Não tinha como ocultar, e pelo céu aberto este, que a fita, amada Kelly. Como era risível tudo aquilo.
Sai da sacada, não sozinha, obviamente vinha uma legião de demônios comigo, todos conquistados naquela crise. É espantoso como o mal se manifesta. Inquietante de um tiroteio de duvidas, de perscrutações. É impossível que uma idéia seja formulada no fenômeno da paz. Pois eu ia driblando aquela gente possivelmente atordoada comigo e com todos. Um estado de perfeição e superação foi à máxima de uma moral estabelecida por mim naquele instante. Reinventei o útero, aonde qualquer um poderia entrar nele e sair quando desse na telha, quando se enchesse. Embora, insignificante qualquer demonstração fosse feita para a chusma. Contive-me e guardei-me com meu amor por você. Abri a geladeira, uma outra cerveja aliviava o vôo e acalmava minhas asas, planava pelas cores, o cinza dissipava mostrando outros tons esverdeados, amarelados, avermelhados, azulados, mas todos obscurecidos pela noite. Via os rostos com suas mais variadas diversidades; Percebi o mínimo esforço da natureza para diversificar seus filhos, o trabalho nestes poucos anos foi mínimo, um gracejo com ela mesma, cansada da monotonia de sempre existir, criando e destruindo. Uniformização; olhos, bocas, dedos e fígado. Mas o que é amor, pois a vendo, é única, o que diabos ele nos faz, que transformação será essa? Atirada em teus braços, perto ou distante, vejo a perfeição dos seus traços do mesmo modo, como é linda.

(Rascunho de um conto não terminado, antigo e esquecido por minha apatia)

Ander. Por volta de 2002.

domingo, 29 de agosto de 2010

Girassol.

Hoje com o pensamento ainda onírico
Ainda em sonho desperto por um Girassol
E de dois caminhos exatamente extremos,
Eu cá com os Satíricos. E tu lá no reino dos céus.

Ander 29/08/2010

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Tão perto e tão longe.

Estamos perto de nós mesmo. Distante um do outro.
Nascemos sob a estrela errada,
Em um desencontro descompassado.
Faço do meu caminho a sua estrada.

E cerca-me de destroços, súbita matéria bruta
Materializada agora, em minha frente
Queria pulá-la até ti por essa estrada
Estrelas que me guiam levemente.

Amor distante, tão longe e certo
Tão perto de mim.
Diga se há remédio para amor sem fim.

Não há espaço para o amor
Não há dias de chuva,
Apesar de quase sempre chover.
Nesses sonhos distantes,
Verei o que não posso ter.

Triste... Estou, e o aperto que fere...
Já não sinto. A agonia de não tê-la
Leva-me ao instinto de não querer ser mais homem
E de fera ir além, tampar as lembranças contigo.

Amor onde? O semblante do destino é o absurdo
Enterramos seu corpo imundo, ceifamos seus ditos
Amor. Que amo do começo; cego, surdo e mudo
No berço dessa noite acordo o silencio em gritos.

Nesse desatino, mundo insano.
Deixe amor... A voz que meu trouxe você
Logo adormeceu e os meus gritos surdos
Silenciaram-se junto aos teus.

Doce Dinely, do sorriso mais belo
O silêncio agasalha o caos mundano: O sufoca.
E o sitio que passeias sou flores por seus cabelos.

Sujeito-me ao tempo, algoz da espera
Vendo-te na luz do dia, e na lua brilhante.
Quem sabe na próxima estação,
Querido André, instigador de minha inspiração,
Que plaina em relevo distante,
Eu esteja mais perto de ti do que jamais estive antes.

Não me espere em tempo na materialização humana
Pela cálida passagem da terra somos irmãos de átomos celestes
Na distancia contemplando nuvens e arvores e savanas
Imaterial, somos a essência poética de leste a oeste somos.

Mas se volto ao estado físico caio em gritos
Em prantos lamentosos. E penso derradeiramente
Na consciência de não ser mais gente, ser eternamente...
Parte de seus ossos depois da morte ainda estarmos juntos.

Ander e Dinely 28/07/2010

(Minha primeira poesia em parceria. Uma experiência incrível)

sábado, 17 de julho de 2010

Pôr do Sol.

Em laços de amor
Correndo onde for
De flor em flor em flor
Vem amigo...
Vim brincar contigo
Onde estamos
Outrora vimos:

A letra do discípulo
Que escreveu a carta
Narrativas da dor...

Pôr do Sol
Lá vem a Águia
Acrobata dos sonhos
Deusa e Deus
Trevas e Trevo
Quando se foi?
Quando voltou?
Amor, amor, amor.

A letra do discípulo
Que escreveu a carta
Narrativas da dor.
Longe, longe, longe.

Ander 15/07/2010

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Transe Campestre.

Passa o tempo passatempo
Passa, passa, passa sentimento
Passa com o tempo vá embora
Vá com o vento vá minha senhora.

Passa, passa com o tempo vá embora
Passa, vá com aquele passarinho, ele vá para o ninho
Da comida a lagartinhos?
Que importa. Nada importa. Vê a baleia trepada na árvore?

Passa o tempo passatempo
Passa, passa, passa sentimento
Passa com o tempo vá embora
Vá com o vento vá minha senhora.

Não importa não importo, mas no fundo me importo
Mas o fundo é um poço seco e agora?
São palavras campestres, hilárias, pois este é um quarto
Não de pau a pique e sim de concreto e cadeado.

Que importa. Nada mais importa. A baleia esta na árvore.
(Do sertão, do sertão a baleia está na árvore do sertão).

Ander 07/06/2010.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Claras Lúcias.




Nos olhares vagos que se cruzam
Na beira dos lençóis hás rameiros
Há o instinto vindo e indo pelas brisas
Mas meu coração és teu primeiro.

Na boemia estrangulada
Os vinhos de Álvares de Azevedo
Ou no dês-graças à lá De Sade
Nos becos de quatro arvoredos.

Em suas mãos alvas aladas
De meus seios aos teus seios
Pousei meu coração Primeiro
Em suas mãos alvas mandrágoras.

Mas Sua alma d’água, claras Lúcias
Tem misericórdia entre minha angustia
Nas nossas bocas flexionadas.

Em suas mãos alvas aladas
De meus seios aos teus seios
Pousei meu coração Primeiro
Em suas mãos alvas mandrágoras.

André 14/05/2010

terça-feira, 11 de maio de 2010

Cristais Rolantes.

Seus olhos são gélidos
Em ondas de cristais rolantes
Banha lhe a face transparentemente
E vai cair, caindo durantes
Nas dores de minha alma plangente.

Ander 11/05/2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Do Homem em Réptil.

Na irracionalidade da besta primitiva
Despi meu corpo da pele humana
Numa anti-futura pós pré-evolutiva
Na idéia inexistente das ciências.

Voltei nos primórdios dos lagartos
Colossal fera pagã atéia animalesca
A grandeza enorme em meus instintos
Libertada pelas sombras frescas.

Um riacho vermelho que cuspi e o júri
A porção de carne dando vista nas costelas
O Júri é o espectro da sagrada sucuri
Encarnada desde o primórdio da célula.

Os Olhos de Ninfas dos sonhos Gregos
Contem as mesmas sutis características
Na materialização das fantasias dragonistas
Condenadas nestas vistas a um anti-inferno.

Arrebatadas nas danações monstruosas
O entendimento com a própria Natureza
Rugi o hediondo, nas pútridas pantanosas
Fermentações singularíssimas e complexas.

Ander 14/04/2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Roberta.


Nuvens dispersas obscurecidas nuvens
A cerca de seus braços envolvidas lúgubres
Envolvidas em sombras volvendo invisíveis
Sombreadas onipotentes a claridades pobres.

Sonho de névoa é a consciência imersa
Espatifando numa vala de carne e ossos
É onde meu espírito a encontra inversa
Altiva. Indecifravelmente nesses versos.

Coagulado na garganta uma chama de sangue
Que a expelimos na grama pastoril dos santos
Ao coração através das aritméticas das falanges
Uma porção de novos e carinhosos sentimentos.

É onde num abstrato do corpo
Sua figura gótica enfeita
Emoções à noite nos espreita
No absinto febril de um copo.

Emoções à noite nos espreita, felinamente
Espreita-se uma Matriarca das Panteras
No arbusto olhos incandescentes de feras.

E a fraqueza das cores; o verde das folhas
Como o vermelho receoso das rosas
Caem em declínio na passagem da Morte.
Uma bela caveira a acompanha pomposa.

Num caos tranqüilo das Esferas
Da mesma matéria das violetas lilás
É onde lhe apanho as estrelas.

E é noite mil vezes ainda
Meus dedos roçam lhe a boca
Da paixão sangue estranho ímpeto...
“Um olhar atordoado. Uma lembrança. Suas mãos.”
Acalantas atmosféricas recíprocas.

Ander 07/04/2010

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Nascimento.

Não me lembro ao completar o finito
Apagar as velas de meus sonhos
Entrar no quarto aonde jaz pilha de mortos...
__________ Se decompondo __________
As paredes do céu mofam. E as estrelas arfam

Ander 25/01/2003

Espírita Nocturna.

Funérea espírita nocturna
Das danações sangrentas
Cai morta na cova diurna
Do que teu corpo agüentas.

Olhos sepulcrais de fera
Satanizada Satírica donzela
Que o instinto vil a queira
Esta Especial mãe que a zela.

Cuidas da alma que brota
Irrigada de inferno enxofre
Do perfume do Elíseos solta
Ambivalência que sempre sofre.

Dor e dor que causa a carne,
Para teus prazeres mais secretas
Que causa, vai causando até o cerne,
Precipita a inocência violenta!

Funérea Flor Negra na Lápide
Ossos hão de estarem profundamente
E a alma negra que o corvo invade
Carrega-a ao pântano sorrateiramente.

Hades lúgubre de nossos corações
No poço gelatinoso dos flagelados
Tu rasgas a própria carne em porções
Antropófaga ninfa. Lábios congelados.

Gilles de Rais encarnada. Assassina
Tu és toda ela infantis masoquistas
Salpica de sangue com garra felina
E vais morrer na Luz da Lua Satanistas.

Doce silaba articula de tua língua
Contorce minha garganta sufocada
De prazeres e perigos não mingua
Arranca demoníacas gemidas.

A quero esfinge nova de mistério
Antes que cresça até a abobada
Do mundo este infame cemitério
Que as de vestir de couro e mordaças.

E veja estes destroços em tudo
Os destroços és tu mesma
O futuro é as chaga do vagabundo
Pisoteado pelas lesmas.

No infortúnio de todas as gerações
Incompreendidas e determinada
Inútil sentido de todas as religiões
A única importância é ser amada.

Flor Negra vai conspurca-as
Flores brancas devotadas
De inocência para inocências
Ondas de sangue agitadas.

Vem tocar meu peito esquelético
Com Mãos Perversas de Princesa
Tocar-te também irei num estado epilético:
Ambos enaltecidos pela Natureza.

Ander 19/01/2010

Ander.

Este meu coração é silvestre
Trepidando ao sinal de Baphomet
Corro para as Musas dos vales campestres
Amazonas de Sombra e de Morte.

A lança arremessada
Dilacera a espinha ereta
Eu sou aquele que observa:
Pós-homem. Além das feras de Creta.

Essa solidão anatômica devora
Devora a magnitude.
O amplo rude de todas as significâncias.
E todo o esplendor inútil da atitude.

O envelhecimento das células,
Este remédio, este placebo que me dão para tomar:
É toda a importância do mundo
A única importância para mim esta no fundo do mar.

A beleza se encontra na decomposição
Da matéria voltando ao Principio preto
Do preto conjugando ao acaso da ovulação
Essa capacitação a cada coisa formada dentro do seu contexto.

Ander 03/12/2009

Tentáculos.

Sou um tentáculo de um bilhão de tentáculos
Dessa criatura pai funerária que é o Estado
E se morrer, Ander, nascera outros mil... Outros mil tentáculos
A política é a matéria do fenômeno
E o homem estrela ego centrista é fundamental quanto,
A onisciência cósmica de um grão.

Ander (sem data)

Quem Sou Eu.

Deixar-me-ia dormir até mais tarde
Naquele caixão pequenininho que construirão
Feito de folhas de palmeiras de qualquer coisa que a terra cede
Ah! Tanta pressa que se tem lá fora. Quero uma vida sem computadores...
Sem Prendedores nos varais secando os jeans. Quero encontrar-me com a merda...
Dos gados adubando a terra sem ronco de motores.
Talvez se um dia eu me voltar a isso, eu poderei dizer quem sou eu.

Ander (sem data).

Almas Gêmeas.

Lá está o casco do navio. E esse navio suporta o mundo inteiro.
Se quereres vir comigo. De me suas mãos. Mergulhamos. Mergulhamos.
Agora retiramos as mascaras de oxigênio. Demos costas ao veleiro.
Vê tanta beleza? Dos peixes, das algas. Dos cânticos das Sereias.
Somos tudo isso. Quando compreendemos. Nossos corpos se dissolvem.
Somos flores e somos anjos. Somo almas gêmeas. Você e eu.

Ander 03/04/2009

Lolitchen...

Quero lhe a boca rara.
Sem fala. Apenas a língua e os dentes.
Esse ar de boneca encaixota muito antigo e frágil.
Lolitchen... Assim meia puta, e meia mulher de casa.
Lolitchen...
Onde quer que esteja, podre, decomposta para a mesa,
Comendo com as mãos acesas, há também de estar nua.
Lésbica. Ninfomaníaca. Evangélica. Artística.
Há também de dar as gargalhadas e abrir a própria cova.
Quero tua boceta e teu pau. Hermafrodita desvairada.

Ander 28/07/2009

Pétalas dos lábios.

Por essa moça bela,
É desatinar os sentidos,
Soltar os sentimentos contidos,
E se for mulher onça amar-se mais a ela.

Pouco tempo nesse conto,
De graça temporais em flora,
Serei de devasso a homem santo,
E ainda a conheço nessa hora.

Leves delicadas pétalas dos lábios,
O selinho a expulsar-me de teu rosto,
Banhar-me em vinho e assobiar desgostos,
O infortúnio de não tê-la e ir uivar com os lobos.

Abraçar-lhe os ossos em anseio
Desse corpo perfeitamente belo,
Ulna e radio e metacarpos e clavículas me veio,
No interno aconchego de seus órgãos serenos.

Ah! Se ao fim do inverno e o calor dos astros,
Ambos juntos em importantes disparates,
Não alcançaria o que me inquieta por dentro,
E da desistência (que talvez eu tivesse antes) não fará dessa vez parte.

Permita-me pelas canções eternas,
Conquista-la em vias claras lindamente,
E na escuridão ainda ter lanternas,
Para iluminá-la eternamente.

Ander 17/03/2008

Para Nany...

Seu nascer é uma utopia
Mundo atemporal de flores
Os cisnes despertando as águas
Redoma de cristal. Lábios de volúpia.

Duma voz ondas noturnas,
Ondulando como serpente
Para entrar sorrateiramente
Na minha alma nenhuma.

Minha alma nenhuma...
É que quer ser alguma,
E quando entra adentro
Emblema coração imenso.

Você é a bela de fantasma
Intocável. Amazonas de escudo
Para quem, sinto eterno karma,
E por ventura destes meus lábios descuido.

Ao presente a quero. Inexoravelmente...
Como também tenho de Grenouille sempre
Numa conciliação entre ambos; a vida e a morte...
O querubim nos sonhos divina amante de tanatos.

Ander 03/06/2009

Gláucia.

Do ócio de minha existência cética, derradeira,
Passo o dia a devora-lhe a beleza nessas pinturas
Toda a escoria do mundo são girassóis de madeira:
Entregue as crianças num mundo de esperanças futuras.

Há no céu uma luz eterna, imensa e divina,
Que o tempo a conversou, a amou menina,
E deu as mais diversas formas, estruturas finas,
Clarões intensos, almas-gêmea, a pele feminina.

De linho antigo, manuseado, cobre o corpo intocado,
Fios que descem e escorrem pelas águas, um rio vermelho...
Pintura a óleo. Embeleza a tez, decifra os olhos. Sensualmente de lado,
Volve-se, tenra idade, a chamo também de Alice no mistério do coelho.

Mergulhe a alma na mística da inconsciência,
Desça nas penas fantásticas das andorinhas,
No amanhecer o sono amante da paciência
Há levou – agora em luas - e a coroou rainha.

Ruiva condessa prisioneira da triste sinfonia
Os anjos que a cuidavam a levaram nesse dia
De pranto as nascentes e a paz em ventania
Introspectivo inverso, reversa, que o amor, não tardia.

Emoções talhadas, artesões de fadas atribuídas,
Claras, límpidas, róseas cores, tez de minha amada,
O coração é todo sentimento para todas as saídas,
Introspectiva e pele macia de róseas Gláucia.

Ander 16/10/2008

Vanessa.

Não sei que eterna voz é essa
E que cânticos lindos esses me elevam
É de suas cordas, meu arcanjo Vanessa...
Assim por dentro vigorosa e lá fora levam as rosas.

Aspectos assim um pouco, taciturnos, melancólicos,
De sua face de cristais celestes, adornadas vestes que estas no céu...
E este anseio me envolve e o medonho se dissolve e tudo são cantos líricos,
Que perdido em teus seios cometi todos os meios, do amor, para ter o amor seu.

E o pensamento assim se vai, num leito triste de solidões que no mundo existe,
De carinho e afeição, que as mãos no peito recolhem e dificilmente se dorme,
A ansiedade em afagar os lábios teus parece eterno e tão vil, distante,
Que morro! Mas não sem ter os toques teus. Estes seriam meus crimes.

Imagino a pele donde meus pensamentos agora velem:
Da luz de teu corpo, um arco de fogo dum divino terno sopro:
Hipnotizando sedutoramente o mundo todo, essa estatueta nos jardins do Éden,
Eu, o errante dos vales, fruto da mortalidade, a endeusa, vinda da Grécia por aqueles mares.

Oh! Vanessa! Sou o Titã que carrega o planeta para te dar alivio,
E vou até a janela, a abro, o externo é seu interno, admirado, altivo e belo,
Como a serei que canta e o marinheiro que levanta na popa de um decadente navio,
Vou! Perder-me nos tons vermelhos, mergulhando, até a terra do oceano para pentear os teus cabelos.

Embora, retorno a esse ponto de paisagens noturnas e sem cheiro,
Amanhã clareia o dia e sinto num estado de espírito o perfume dissipando,
E a imensidão vermelha ventando rente aos olhos, nessas águas dançando o veleiro,
O arco do cupido tende a ser certeiro. E que nossas almas ele vai devagarzinho sondando.

Ander 17/ 09/ 2008

Susana.

Meus dedos caem aos grãos de areia,
E pelas batidas do mar o pranto ecoa,
Cada praia é uma galáxia derradeira,
E cada grão de areia lapide de pessoa.

Estou a sós com essa sombra minha que tudo odeia,
De mim a rocha e ela a sombra na areia,
Quando sobe em mim – e eu sou todo esse coração de pedra,
Numa eloqüência extraordinária, canta, canta minha sereia.

Dum acaso onde avancei nessa rede digital do mecanismo,
Tão grande a sedução, o abismo e a dor no nascimento,
É reavivar o coração do preto mergulhado no niilismo,
Acompanhar-te no crepúsculo um único pensamento.

Pétalas nas Águas mornas banham a sua essência,
Esbelto o corpo que rompe a pele da superfície, submerso...
Arquitetos na abobada tremula do céu em penitência,
Linhas desenhando-a, adornadas mãos artesanais do universo.

Numa eloqüência extraordinária, aguça a alma minha flor,
Com calda de serei ou revista a areia ou corta o ar num vôo,
De onde vêem os sons, os sinos e todos os vádyás dessa dor?
Na timidez do tempo sempre a amei, desconhecendo-a, no tino de quem sou.

Das chaves de Seixas as penas duras de Schopenhauer
Há! O tilintar nas vísceras do Poeta da carnificina humana,
Há delírios e suicídios, dor, amor, rosas, esferas e espinhos,
Tudo na Natureza a Impulsiona em Sua Grandeza Susana.

Ander 23/03/2008

O poeta que é poeta.

Interna na essência mística de uma fêmea,
E nas brasas a virilidade tesa de um touro,
E nunca pela capacidade dentro do útero não semeia:
Por que doravante é a forma estúpida do mau agouro.

Há no ar partículas que talvez não as compreenda ainda,
Intenções versas à Natureza que só os homens de finos tratos a compõem,
Eles descem, tecem e mordem o Éden mais valioso da vida,
Claros, transparentes, potentes e mórbidos. Há o Sol que se põe.

O poeta que é poeta tem a alma e a lasciva feminina,
Ele imortaliza as dores da desgraça e esculpi a sina,
Numa singularidade ímpar, na dança dos possessos ele peregrina,

Mas quando arranca o lençol daquela que repousa,
Curva um cavalheiro perante sua amada esposa,
Enfoca e é mais sensível: Aí é a sua musa.

André 26/04/2008

Irmã dos bosques Satyros.

Sussurros ondulam o ar num beijo
Até sangrar o dedo de vil espinho
De tempo é incompreensível desejos
A introspecção num copo de vinho.

Tela remota de preto e branco,
Desbotado. Singularmente triste,
Um homem senta num velho banco
Milhares de anos de escuro veste.

E triste caminha o Sol num alegre nevoeiro
Uma Inquietação rumo Norte de 19 anseios
A Alma encanta no fulgor primário dos seios.
A lacuna que outrora o corpo caiu em devaneios.

Incerto, cambaleante alma sonora,
Apertos na tumba que separa os ossos
Renascemos nos jardins de Evas pecadoras
Rios, colinas, um tapete verde cobrindo os fossos.

Minha carcaça agora é um fardo escuro
Prisões encerram a vista redirecionada
Na direção de quilômetros de estrada
Separa um rugido de outro rugido.

Abrimos caminho entre a mata e vazamos nossa sina
Face linda e os olhos separados uma mesma sintonia
Irmã dos bosques Satiros, ninfa das mais cristalinas,
Sedição, quarto do infinito, lábios puros de Driely.

Ander 28/11/2008.

Minha data.

Esquelética criatura em pedra escura lança a marcha
Num matrimonio a miséria e a fadiga aguarda
Minha alma quarta ruína, flor, pela misericórdia murcha.
Um odor da face morta e pele calva é minha amada.

Busco o principio do abismo a conserva meu éter
No pandemônio dos jardins de Deus, distante dos jardins do Éden.
A soma do Universo sobre a chusma humana é não pretender
E no meu último intimo recuo e evaporo por compreender.

Banal é a opulência do organismo que não se agrega ao caos
Escandalizando um coto espírito de ato teatral
Como o homem que fede e a mulher que precede um estranho mal.

A solidão, tenaz em vida, me olha meigamente seduzida.
Um beijo, a Angina e o estado catastrófico do peito.

Ander 03/05/2007

Fabiana.

Lívida escultura dos desertos mornos
Tua boca regurgita um demônio infame
Teu ventre reflete o emaranhado dos tinos
Numa contemplação em meu coração enorme.

Ilha de escândalos e o mar é sangue pútrido
Meu amplexo é puro e este amor incorrupto, Fabiana,
Donde o pranto arregaça o peito...
Escombros de ratos e cidade fantasma sob luna,

Águas do Nilo antigo; sua íris esverdeada e elevada.
Tu não és dessa época, de incompletas e carregadas feras...
Que rugem ao abismo... Não! Somos filhos da inocência em Pandora
Excomungados de solidão e exilados numa terra nevada.

Enlace-me pela terra noturna, nos guia gentilmente a Natureza.
E vou te vendo assim melancólica numa ponderação profunda.
E pergunta “ -Só a alma insana, é verdade, és fortaleza?”.

Retorna assim em cova, ÓH! Loba em penhasco em sangue.

Posses vazias como águas em mãos, amanhecem.
Pior deveras; como um deformado em noite de inverno.
Todo aquele, pois, que em teu leito veio entardecer.
Ficaram em jubilo... Mas jamais tiveram como eu estive em você.

Lacrado este peito, deveras enegrecido, deveras sofrido.
E nenhum homem ousou tê-lo porque é complexo...
E terrivelmente belo.


Ander 26/03/2007

Samantha.

Outrora pude e recuei dentro de mim
Puxar a estrela e vir com ela assim por ti
Naquela noite observei perplexo enfim
Sentir inexoravelmente o ar movido por si.

Há um olhar que renovo a decifrá-lo (teu olhar)
É noite, e a noite há certo encanto,
Do não saber de alma desnorteada pranto
Esfera, de presente obscura, Samantha.

Ander 27/06/2009

Eve Fassarella.

Raios de luzes dispersos unificaram em harmonia
Caíram saudosas, enamoradas, num breu fantasmagórico...
Angelicais claridades onduladas labiais de Deus fluíam...
Afim moldando celestes partículas no templo gótico.

Que traição de cupido para a humanidade
Não sair luz angelical de seu coração solilóquio
Eve Fassarella esverdeada ofuscava a ele os olhos...
Mesmo ele entrava deixando lá fora o ébano de Pinóquio.

Negrume aterrador. Dragão sombrio...
Orgânicas. Musculares. Decompostas. Ruidosas.
Infinito algoz nas paredes monstruosas
E por dentro o celeste incomensuravelmente brio.

Divinos clarões bailaram as penas Fassarella
Tempestades de flores se abriam e subiam
Dançavam alucinógenas todas as mulheres bellas
Banhando-se pela essência de Eve Fassarella.

Ander 01/07/2009

Evelaine.

Inclua-te ao espetáculo dos sentidos homem dos credos
E veja que o amor também se inclua a nossos desejos
Que a perversidade de deus em teu âmago nos proibiu
De nos amarmos sem véu para dentro de nosso deleito.

Prossiga o caminho reto, onde o paralelo e como um morto feto.
Sonhos meus começam de onde compartilham com quem traiu um adão sem vida
E quando a água sobre a terra cessou, posso senti-la sobre meus pensamentos.
Delirantes a ambos, frágeis, arriscados, sensíveis, mesmo estando abertos.

Complicado e indefinido é o formato das coisas, a perseverança na borda da fossa,
A vinda, o transcendental de nossas falas entregando na silhueta de formas novas...
Sombriamente afeiçoada, o esplendor de nossas almas que se encontram vivas.

Enxerguei o brilho de curta fala devorando num movimento os lábios
Pudesse eu devorar teus lábios, inclinar meu falo e dizer que a amo,
Numa coincidência, gostos e gestos espontâneos muito nos uniram.

Ander 02/11/2007

Joana.

Sons de águas doces, águas limpas transparentes,
Voz molhada, transbordante, flautas artesanais,
Tocadas entre a fauna, a flora, macia e absorvente,
Segura. Entretanto a inocência e beleza joviais.

Meu coração se desprende do plural do amor
Por que o amor é eterno vivenciado e singular
Dado ao toque, as vibrações de seu lábio inferior,
Vou os tecendo nos pensamentos dentro olhar.

Cantos, prantos, orquestras, em cada silaba,
Moldando a voz circulante no ar que o silencio admira
Pondero a voz de sua enorme boca instrumentando liras,

Partículas de água é o choro dispersas de céu sombrio
Onde o frio acolhe minha alma nesse romance de Isolda ou Joana
Molha a calma plácida, alta, num balanço e enxurrada dos rios.

Ander 13/12/2007

Joaninhas.

Na vida quando procuramos à beleza
Olhar campos vastos no colo de quem ama,
Fácil é de achá-la em dia de sol ou de correnteza
Se o coração fica claro e arde, em enormes chamas.

Dispor-se as feridas sem receio ao beijo alheio
Ser um homem sem política e amar com consciência sã e alucinada,
Deitar o corpo em corpo em rentes faces, em rentes seios,
Saber o quanto antes, a feição e carinho da pessoa que é amada.

Onde, das faíscas de uma noite total lúgubre, cresceu em mim um fogaréu gigante,
Possa haver em meu amplexo a beldade de cachinhos eterna em versos
Escrever em deleite. Sou menino, repentino, que velho estava ontem.

Espalhar a nevoa envolver o possível em pés de sonho vereda,
Sonhos, veemência, pulsações na margem da ilha para o oceano,
Esfera luminosa de alcunha; a Lua; mística, pomposa, adorada.

Tudo é mais humano que o concreto também é a fome de quem é sozinho,
Como bilhões que vêem a Lua e o clarão amaldiçoado repetido dos dias,
Possa as mãos de um imberbe conduzir o coração de uma mulher joaninhas.

Ander 18/12/2007

Teresinha.

Leve alma de sono e claros imensos oceanos
De rosas e flores e canções que entoam arcanjos dos campos
E vêm os ventos bailando em seus loiros cabelos num sorriso amplo
Ressonando nessa pele que minhas mãos tanto a querem por muitos anos.

Delicadas pétalas, tão finas, transparentes vestes.
Em que meus olhos sobre seus poros como pintura
Define centímetro por centímetro bela e pequena escultura
Repentinamente a mim como um anjo Serafim, viestes.

Fruto perfeito da arvore distante, inclino-me em teu alcance.
Nem mulher e nem menina é a fascinação fruída de exuberância
Para dentro é mistério. Sou teu sangue, resfolego e o seu alicerce.
Do antagônico destino em minha alma: uma fragrância mansa e calma.

O vendaval o espírito do homem em ardência consome
De delito meu coração, consiste da certeza de guardá-la, Teresa.
O alicerce é a ardência dos sonhos... Sem licença eterniza teu nome...
Teresa, Teresa. E dessa seriedade espantosa revela me gargalhada incrivelmente gostosa.

Hoje é ambas Terezas e ambas mutuamente as mesmas
Silenciosamente como outrora ou emotivamente como agora.
Nessa cidade, esse manto corroído de maldade, é Diadema!
Neste acaso, contemplo aos teus olhos abundantes de ternura.

Rodrigo 14/07/2007

Teresa.

O enigma desses olhos concentra uma tristeza
E o corpo é a chama de uma mulher pastora
De um silencio mortal aconchega tal cruel incerteza.
De quantas vidas poderá ter ou de quem é protetora.

Minuciosamente uma deusa, a observo a contemplá-la.
Um vivo por do Sol na adolescência da morte
Que na margem da vida quero, eternamente ama-la.
Para assim descer no sonho mais doce e profundo forte.

Dessa pele demasiadamente límpida e suavemente pura
É o foco do ajuntamento das artes e de todas as belezas
Como a dama da seriedade espantosa dando ao mundo uma cura.
E o céu se abre em santos e de tantas riquezas e encantos.

Todavia permaneço pensativo e o mundo essa esfera sem sentido.
Sem o toque seu, seu amplexo ao meu numa coloração divina.
Qual será tua graça? Chamaria de belas das mais belas,
Sem pudor no peito, sem pudor contido.

RODRIGO 12/04/2007

Valéria.

Quem és minha Valéria,
Nesse quarto oco do mundo
À meia noite sobressaltada, austera.
Irmã de meus desejos obscuros.

De fantasias e delírios um mundo feito
Pedaços de lego retirados do Inferno
Donde construo o semblante cruel e belo
De lascívia, malevolência e amor eterno.

Possuo, vou possuindo a nevoa de teu corpo,
Obscurecendo o mundo em treva doída
De amores e tristezas longínqua, que nos separam,
À meia noite, em pranto, a benção de Satã à minha ida...

A caminho de teus braços...

Ander 22/11/2009

Hora Cássia, hora Frida.

Seus pés de espectro vieram à noite, leve, pomposa, obliquamente.
Tocando-me a fronte morta, mente a mente, com seus dedos inexoráveis e sombrios.
Por dimensões distantes, esferas lúgubres, taciturnas e arfantes.
Que nossas almas em língua antiga, pagã, dionisíaca, numa dança um tanto singular, introspectiva.
Num quadro coagulante... Uma face bela e indagativa... Mas distante. Hora Cássia, hora Frida.

Ander 07/03/2007

Inconstante.

Es o anjo em pompa no ninho de uma ave putrefata
Lúgubres imagens de imensas arquiteturas góticas
Incumbida a um corpo de manifestações libidinosas
Oh! Angel, de infância mortuária, sedenta e vasta.

Desce ao abismo das almas agonizantes, vis, suplicantes.
Para em sua ira, todavia aconchegante, às almas flagela.
Oh! Angel, sedutora, excitante, a procurei incessantemente na miséria tocante.
De uma era; a juventude minimizada e cega quis eu morrer de febre amarela.

Para vê-la assim informe, inconstante simbiose.
Distante que esta de mim; somos vitimas da vida e amantes da morte.
Inconstantes... Assim a quero, a nudez resplandecente que tem tamanha posse...
Desse semblante belo e moreno. Gozemos ao ataúde da raça decadente que chamamos de humanos!

Esferas incompreendidas, do brilho da lua, cadavéricas testemunhas.
Do Império dos MORTOS, o sangue sujo e esquizofrênico Michele.
Um encontro noturno no cemitério vai uma sádica á me sangrar com as unhas!
No horror da sociedade contemporânea, estereótipo arranca-lhe a pele.

Vai ao alto pairando na fumaça de seus apetitosos lábios
A devassidão, a blasfêmia, as viciosas e sátiras bestas.
Fornicando na superabundância do zero, os filósofos e os maldosos.

Ah! Latrina humana, resíduos miasmáticos e amor à misantropia.
Amo te, nevoa de meus sonhos, tu és meu quadro onírico.
Percorre meus últimos sonhos, pois pereceremos unicamente ao mundo branco.

Fugaz a o pensamento, morrer quero a seu colo sempre e reviver morrendo novamente.
Fugaz o humano sempre, abrace-me em seus braços quentes Michele, para sermos serpentes.

Ondulante, entrelaçando o vácuo melancólico do Universo.
Sonda-la hei senhora, da necrópole donde vivo, dos jardins que tu moras.
Uma saliência na vontade humana, espécime cara, filha de Pandora.

“ - Cortei-me o pedaço da alma, bem onde Deus ressonava
E dissipei a luz do pensamento, no obscuro ápice do momento.
Afundei-me na perplexidade do meu eu e no atroz da saliva
Vou negando a vida por que sou uma complexidade negativa do firmamento.

Oh! Límpido e lapidado nada, senhor de meu coração em chamas.
Espíritos que inflama, dezenove anos de uma vida mansa? Não espero nada”.

Ander. (sem data)

Andréia.

O funeral das esferas melancólicas do universo
Fez-se quando a terra ardeu em cinzas
E o pranto dos oceanos encharcou em versos
Se banhado em sangue espesso de almas frias.

Pelo espaço como pó de lindas estrelas
A existência solilóquio há viu um dia
Um anjo sem destino pela atmosfera
Vagando absorta numa contemplação divina.

A terra sofrida, solenemente esculpia teu crânio e espinha.
Dando marcha ao peito, o coração negro. A terra escolhia...
A terra escolhia átomo por átomo o teu corpo construir
No término de teu feito vestiu-a com pele, Andréia, de uma rainha.

Eu, este cadáver antropófago, do tédio da carne humana.
E em todas as paixões da vida, fui negligenciando uma por uma.
No entanto a terra suspirou e estendeu as mãos ao infinito
Impelindo minha alma morna a retirar as vestes negras do luto.

Formosa vem, Oh! Cândida menina, tão bela e cristalina.
Vem do espaço, de um céu obscuro e vasto descer sobre as colinas.
Como o anjo mais belo e as asas do Inferno, contemplarei teus lábios,
Os fios cacheados e a vontade em ser para os já mortos... Assassina.

Ander 10/ 06 /2006

Laura.

Que mistério é este mister que tu guarda dentro
Numa convulsão da alma, mas calma de leoa.
Inquietante e progressiva num vulgo reino dos outros
Levípede aparecer, que precoce a meu ver, ressoa.

Como num sopro, entoa um alfabeto dos homens velhos.
Decepcionando a ninfeta, a virgem cristalina, que representa.
Ambiguamente. E possamos desvendar, reciprocamente, nossos olhos.
No lodo repugnante da raça humana; a mesma eterna feroz besta.

Há chaves pendurada, eu as vejo, é transparente e se dissolve
Águas límpidas, todavia quais mãos tão límpidas que possam pegá-las?
E se sou Caim que não mata Abel, ainda assim posso tê-las?
Para abri-la num movimento inteiro, em 360º e despi-la da pelugem que a envolve.

Oh! Esfera, tão cheia de luz e tão súbita, inefável e inefável.
Que aguça meus sentidos e distorce os padrões bandidos
De tua existência doce, dos louvores do céu, arcanjos a cobrindo de véu.

Oh! Laura, tão cheia de luz e tão súbita, inefável e amável.
Conheceste assim um mundo sombrio, inexoravelmente febril.
De todas as raças todas, que não se entrega ao que se entrega.
Que se entrega nós, da lacuna que outrora me foi dita, surgindo.

RODRIGO. 18/06/2007

Elizabeth.

Amor que dorme nas ondas noturnas
Navega, eleva, num mar de rosas dispersas.
O corpo cintila, desperta lasciva, nua,
Endeusa a face minha morena perversa.

Bela sedutora Bruxa Elizabeth
Dos anseios da mortalidade findo
Um lance desse olhar terno quente
Cai sedutoramente de alma sorrindo.

Vermelha clara alcova da manhã
Inflamada pelo incenso a paixão vespertina
Observa – à: o universo e a estrela anciã
Esbelta flor, versos na luz de serpentina.

Serena morena esculpida eterna
Numa dança pagã realça os escritos
Oh! Corpo de mulher libertina...
Mas Singulares vícios de amor à cristalina.

Estrela D'Alva. Saudosa; amor e vida.
Semblante artística etéreos mística
Quero ter-lhe a alma pela pele cálida,
Numa li laz juntura uma tanto eclesiástica.

Ander 16/01/2009

Formosa.

Alva filha das doces flores
Desperta amores nos lábios do Sol,
Campo donde nascem arco-íris montes cores,
Formosas sensações, glúteos escaldantes.

A Natureza sibila
Ela faz disso um espetáculo
Que a Natureza toda ri.

Ander 09/11/2008

(Escrito em uma manhã de domingo).